Suspeito de integrar grupo miliciano investigado na Operação El Patrón é assassinado após deixar presídio na Bahia
15/07/2025
(Foto: Reprodução) Caso será investigado pela Polícia Civil de Feira de Santana
PC-BA
Um dos investigados por lavagem de dinheiro no âmbito da Operação El Patrón foi assassinado a tiros na noite desta segunda-feira (14), em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia. Trata-se de Kleber Herculano de Jesus, conhecido como "Compadre Charutinho".
Segundo informou ao g1 o delegado Yves Correia, coordenador regional da Polícia Civil (PC), o homem chegava no município, após deixar o Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, quando foi atacado a tiros. Ele morreu no local do crime.
De acordo com a PC, Kléber havia obtido alvará de soltura com monitoramento eletrônico. Ele seguia para Feira de Santana, acompanhado da esposa, da advogada e de um amigo, quando foi surpreendido pelos homens armados.
De acordo com a PC, testemunhas relataram à polícia que o carro onde Kléber estava foi fechado, enquanto outro veículo, não identificado, bloqueou a retaguarda. Os suspeitos se apresentaram como policiais e mandaram que os ocupantes descessem do carro. A esposa, o motorista e a advogada conseguiram fugir e se esconder. Kléber ainda tentou correr, mas foi alcançado e executado.
O corpo de Kleber foi encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) da região. A vítima foi atingida por cerca de 15 disparos de arma de fogo, principalmente na região da cabeça.
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O caso ainda será apurado pela PC. Até a última atualização desta reportagem, nenhum envolvido no assassinato havia sido preso.
Entenda como atuava grupo miliciano
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Compadre Charutinho era acusado de integrar o grupo miliciano que seria liderado pelo deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou o grupo por crimes como lavagem de dinheiro, agiotagem, receptação qualificada e jogo de azar. O político nega os crimes.
Além disso, as investigações apontaram que Kléber seria um dos principais responsáveis pela aquisição e revenda de peças automotivas roubadas. A loja “Tend Tudo”, em Feira de Santana, foi uma das principais alvos da investigação.
Em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular os efeitos da operação por entender que houve falhas na investigação.
Antes disso, Kleber Herculano de Jesus foi apontado pela PF como um dos elos na receptação de peças roubadas. As investigações apontaram que o denunciado seria o responsável pela aquisição das peças vendidas.
"Compadre Charuto", conforme a denúncia do MP-BA, tinha um "vasto histórico" de crimes contra o patrimônio e relação próxima com o deputado Binho Galinha.
Binho Galinha é investigado como chefe da milícia
Agência Alba
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Investigações
As investigações apontaram que o grupo é suspeito por lavar dinheiro de jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada e desmanche de veículos.
Em um dos imóveis inspecionados pela Polícia Federal, foram encontradas milhares de peças de carros.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e prisão, ocorridos em 2023, diversos bens dos investigados foram bloqueados. Confira:
👉 bloqueio de R$ 200 milhões;
👉 bloqueio de 26 propriedades urbanas e rurais;
👉 10 mandados de prisão expedidos;
👉 35 mandados de busca e apreensão expedidos;
👉 suspensão das atividades econômicas de seis empresas.
Revenda de peças roubadas
Segundo a denúncia do MP-BA, a investigação apontou que Binho Galinha lavava dinheiro por meio de empresas e vendia peças de carro roubadas na loja sua loja de autopeças, Tend Tudo, em Feira de Santana.
A Polícia Federal analisou dados bancários e descobriu que a Tend Tudo recebeu R$ 40,7 milhões sem lastro suficiente de notas fiscais emitidas.
Os auditores avaliaram que há indícios de movimentação financeira incompatível com a receita bruta declarada pela loja de autopeças.
A Tend Tudo ainda recebeu créditos de outras duas pessoas que tinham registros criminais de receptação qualificada e organização criminosa.
Em 2020, a empresa emitiu nota fiscal no valor de R$ 3 milhões por causa da venda de mil cabines de caminhão, cada uma com valor de R$ 3 mil. Os auditores apontaram que não existia comprovação da entrada dos recursos na empresa e que não há vestígios de compra de cabines suficientes para revenda ou de material para a fabricação.
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