Corpo entregue em delegacia, suspeito solto após confissão e repercussão: o que se sabe sobre morte de mulher trans na Bahia
10/12/2025
(Foto: Reprodução) Motorista de aplicativo mata mulher trans com mata-leão na Bahia
A Polícia Civil da Bahia (PC-BA) investiga o assassinato de uma mulher trans de 18 anos, identificada como Rhianna Alves, na cidade de Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado.
O crime aconteceu no último sábado (6), depois de uma suposta discussão entre a vítima e o suspeito, identificado como Sérgio Henrique Lima dos Santos, de 19 anos.
Até a última atualização desta reportagem, o homem seguia em liberdade, mesmo após confessar ter matado a jovem.
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Motorista por aplicativo confessou ter matado mulher trans em Luís Eduardo Magalhães
Reprodução/Redes Sociais | Arte g1
Veja abaixo o que se sabe sobre o caso:
Quem era a vítima
Quem é o suspeito
Qual a versão do suspeito
Por que o suspeito não foi preso
Como o caso é investigado
Repercussão
Quem era a vítima
Rhianna Alves era moradora de Luís Eduardo Magalhães, se apresentava nas redes sociais como blogueira e costumava mostrar o dia a dia para os mais de 5 mil seguidores.
O corpo da jovem foi sepultado nesta terça-feira (9), em América Dourada, cidade da família, que fica a 430 km de Salvador.
Quem é o suspeito
Além de atuar como motorista por aplicativo, Sérgio Henrique trabalha com lava-jato no município de Barreiras, também no oeste do estado.
O g1 tentou contato com o jovem e com a defesa dele, mas não teve retorno.
Qual a versão do suspeito
Em depoimento, Sérgio Henrique contou que buscou Rhianna para ter relações sexuais e, ao levá-la de volta para casa, houve uma discussão. A vítima teria ameaçado expor a relação dos dois e acusá-lo de estupro.
Ainda segundo o depoimento, o suspeito aplicou um golpe "mata-leão" após Rhianna fazer um movimento indicando que pegaria algum objeto na bolsa.
Após golpeá-la, Sérgio Henrique dirigiu até a delegacia e pediu socorro para os policiais, que acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Apesar disso, a vítima já estava morta.
Por que o suspeito não foi preso
Jovem trans morreu após receber golpe de 'mata-leão' de motorista por aplicativo dentro de carro na Bahia
Reprodução/TV Bahia
Diante da versão apontada à polícia, o suspeito alegou legítima defesa e acabou solto. Em nota, a corporação disse que ele foi solto "em razão de ter se apresentado espontaneamente e confessado o crime".
À TV Bahia, o advogado criminalista Miguel Bonfim detalhou que a liberação do suspeito está prevista nas leis brasileiras e disse que a prisão em flagrante não se enquadra neste tipo de caso.
"Nossa constituição prevê que ninguém poderá ser preso se não em flagrante delito ou por decisão judicial competente e bem fundamentada. A regra, na verdade, no ordenamento jurídico brasileiro é que a pessoa responda o processo em liberdade. [...] Por mais infeliz e repugnante que isso possa parecer, a nossa legislação, sobretudo a Constituição Federal, prevê a presunção de inocência até o trânsito em julgado", explicou.
Como o caso é investigado
Segundo a Polícia Civil (PC), o caso é investigado como feminicídio pela delegacia da cidade. Em nota, a corporação informou que pessoas são ouvidas e outras investigações são realizadas para esclarecer o ocorrido, mas não detalhou o assunto.
Repercussão
O suspeito foi identificado como Sérgio Henrique Lima dos Santos
Reprodução/Redes Sociais
O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais e chegou a ser comentado pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH) emitiu uma nota informando que irá acompanhar o caso e cobrar celeridade nas investigações.
Em nota, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que acompanha as investigações conduzidas pela Polícia Civil, e que vai requisitar informações necessárias para adotar as providências cabíveis.
A ocorrência também é acompanhada pela Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Seção Bahia.
"Ele proferiu um mata-leão e matou, de fato, essa mulher trans apenas por uma ameaça. Então, é um caso que ainda está incomodando toda a comissão, todos os membros, a própria OAB da Bahia e nós vamos seguir acompanhando a investigação", afirmou Ives Bittencourt, presidente da comissão.
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